sábado, 3 de setembro de 2011

Pregação que se transforma em estudos: profetismo

PROFETAS NA BÍBLIA


Pregação 2010. Estudo Dirigido 2011
Edson Dorneles de Andrade


PARTE I


I.       TERMOS PRIMITIVOS PARA A PALAVRA “PROFETA”
a)      A palavra grega PROPHETES, da que derivamos a palavra profeta, é um termo muito difuso, flexível.
·  Phetes = denota a aspecto de falar;
·  Pro = quer dizer falar, predizer ou somente proclamar algo
Um profeta pode ser alguém que prediz, proclama
b)      Quando vemos o Antigo Testamento em hebraico, descobrimos que o termo profeta tem um sentido mais amplo:
·         nabi — pessoa chamada por Deus
  • ebed — servo
Assim, os profetas desempenharam funções especiais no reino físico de Deus no AT.
  • ro´eh — vidente (II Samuel 24)
  • hozeh vidente ou observador
Os profetas são chamados videntes porque lhes foi dado o privilégio de ver os lugares celestiais.
  • shomerum “vigilante”, alguém que está de guarda;
Os profetas vigiavam os inimigos enquanto esperavam a aproximação e revelação de Deus, em bênçãos ou juízo.
  • mal'ak — mensageiro
  • ish-Elohim = homem de Deus
Os profetas recebiam mensagens de Deus e as comunicavam como urgentes da parte de Deus. Eles eram chamados de videntes antes da era dos reis de Israel.

II.    4 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO PROFÉTICO.

a.    Pré-Monárquico
Havia poucos profetas durante este tempo. O termo navi se usava para designar uma variedade de pessoas fazendo muitas coisas.
     B.        Monárquico
Nunca houve profetas como nesta época da Bíblia! Deus deu profetas para focar o trabalho dos reis, a assegurarem que fossem obedientes a Deus e à lei. Deus também os enviou para testificar e punir contra a desobediência dos reis e dos líderes. Trabalho específico.
(Dan. 9:6)
C. Exílico
            No ano 722 A.C., Samaria, capital do reino do norte de Israel caiu ante os Assírios. E no ano 586 A.C. Jerusalém caiu ante os Babilônios. Por causa disso, houve uma grande diminuição dos profetas. O trabalho voltou a ser diverso e raro.
D.  Pós-Exílio
            Não apareceram muitos profetas nesta época. Aqui voltaram a desempenhar, aos poucos, um papel mais formal no meio do povo. Iniciaram vigiando os líderes...

Esses desenvolvimentos nos indicam o contexto da principal preocupação da mensagem profética.

III. Expectativas a respeito do trabalho profético

a)   Modelos Populares
Por toda a história a interpretação, tanto os judeus como os cristãos têm entendido o papel dos profetas de diferentes maneiras
§  Médiuns: Muitos estudiosos têm comparado os profetas do AT como os médiuns de outras culturas.
§  Adivinhos: outra ideia popular é que fazia dos profetas pessoas que prediziam ou eram adivinhos.
§  Modelo de Pacto: o modelo de pacto é o mais compreensível do AT.

Esses modelos funcionavam bem, mas estavam pouco comprometidos com o contexto histórico e teológico da função.

b)   Entendimento Contemporâneo
§   O AT frequentemente descreve a relação de Deus com Deus de maneira bastante igual aos tratados pelos políticos do mundo antigo.
§  Os profetas serviram como emissários de Deus, ou fiscais do Seu pacto. Eles receberam suas mensagens desde o trono do Imperador Divino, e o Imperador divino fala com sua nação, seu povo na Terra.


CONCLUSÃO: Perguntas importantes:

1)                  Conhecer os termos originais nos ajudam a entender a função de um profeta?
2)                  Quais são as características do trabalho profético antes do período monárquico? E no período Monárquico?
3)                  Quais as diferenças da função profética antes, durante e depois do Exílio?
De que forma Isaías 6 ilustra o modelo do pacto de um profeta?


PARTE II

Lição 1 - O OFÍCIO DOS PROFETAS
Texto bíblico básico:

I.         Introdução: Confusão e ignorância  a respeito dos profetas.
            A.        Fontes da confusão:
            1.         Livros Proféticos
Os livros proféticos são a parte da Bíblia mais difícil de interpretar;
Os reis e oficiais, as guerras e a geografia em que ministraram são tão complexas que tornam um desafio manter o foco na interpretação.
            2.         A Igreja
As profecias do AT são as grandes fontes de confusão e desacordo (Ver por exemplo a questão das maldições);

            B.        Resultados de Confusão
                        1.         Vitimização espiritual e eclesiástica
Devido a estas confusões surgem no meio da igreja especialistas em profecía e doutrinas espúreas, que as usam como forma de manipulação e desvio da fé cristã. Muitos entram  em crise espiritual, baseando sua fé em bases enganosas.
                        2.         Apatia como leitores e fiéis
Devido a essas dificuldades, o “analfabetismo” da igreja em relação aos profetas é uma das maiores causas de suas fraquezas espirituais e bíblicas – não se consegue defender a fé. Por isso, desistem de conhecer a Bíblia.

II.        A Experiência de um Profeta
São três os mal-entendidos a respeito deste tópico.
A.        Estado Mental: Os profetas estão fora de si? O Espírito de Deus toma posse deles e são tomados por um estado febril?
            B.        Inspiração
                        1.         Inspiração Mecânica
Os profetas são meros instrumentos passivos da ação de Deus.
                        2.         Inspiração Orgânica
Cremos que o Espírito Santo os inspirou de tal forma que jamais poderiam errar.
Deus usou suas personalidade, pensamentos e formas e refletir de cada autor humano.
            C.        Compreensão
Os profetas tinham um conhecimento parcial, limitado, mas entendiam muito do que diziam.
Algumas passagens em que é comum mal-entendidos.
·        Daniel 12:8
·        1 Pedro 1:11
III.      Mensagem Original
·                                   Devemos submeter a nossa interpretação à autoridade do sentido original das passagens.
A.   Exegese Popular
1.         É comum os cristãos interpretarem o AT como uma coleção de predições vagamente conectadas. O contexto histórico deixa de ser considerado;
2.         A-histórica
Leitura sem preocupação com o contexto histórico do escritor e da audiência;
   B.     Exegese Apropriada
·                 Devemos aplicar às profecias o mesmo princípio que usamos em outras partes da Bíblia
·                 O significado original de uma profecia é descoberto analisando o contexto histórico e literário
IV.      As Perspectivas do NT
  A.        Autoridade
Jesus e os apóstolos mostraram que estavam convencidos da autoridade do AT. Mas não interprtaram do jeito que bem entendiam:
·         Atos 2:29-31 – Salmo 16
·         João 12:39-40

  B.        Aplicação
Cristo e os apóstolos estavam comprometidos em ver a profecia como uma ação de Deus no tempo e na história:
              1.         Expectativas Proféticas
Os profetas esperavam um tempo em que Deus consertaria todas as coisas.
Deus interviria no mundo e faria com que todas as coisas atingissem seu propósito final.
              2.         Cumprimentos Proféticos
O NT interpretava o AT vendo o cumprimento de tudo em Cristo. Interpretação cristocêntrica.
Os profetas fixaram que a trajetória da profecia seria expectação, tempo de grande juízo e benção futura.
·                 Expectação: o reino de Cristo hoje;
·                 Julgamento: o arrebatamento da igreja;
·                 Benção: após o juízo final;

V.        Aplicações
1.         Quando se trata dos profetas: Quais as razões de nossa confusão?
2.         Quais os resultados da confusão e como devemos respondê-la?
3.         Qual é o verdadeiro estado mental dos profetas?
4.         O que é uma interpretação errada e como é a correta?
5.         Como Jesus e os apóstolos interpretaram as profecias do AT?
6.         Usando a importância do sentido original, como devemos agir para aplicar as profecias do AT aos eventos de hoje?
7.         Qual é o ensinamento mais importante que podemos aprender com este assunto?

8.         Exercício: Como você interpreta este texto:




PARTE III

PARTE II ARTE II

PROFETAS BÍBLICOS
1.      Qualificações do profeta
Para alguém ser profeta de Deus, Deus tem que o ordenar e o ungir como profeta (Deut. 18:15). Isaías foi assim chamado e consagrado (Isaías 6), Jeremias foi assim ungido (Jer 1:5) e é assim que os do Novo Testamento que tinham esse nome foram chamados (Atos 13:1-5; Ef. 4:11).  É como o sacerdócio antigo, “ninguém toma para si esta honra” (Heb 5:4).
Os que são de Deus, fala o que Deus ordena, e só isso (Deut 18:18-22; I Cor 2:2; II Tim 4:2).  A prova que os profetas são verdadeiramente de Deus é pelo cumprimento de todas (100%) das suas profecias (Jer 28:9). 

2. Diferença dos profetas do Velho Testamento e do Novo Testamento
Os profetas do Velho Testamento eram em geral conhecidos pelo nome de vidente (I Sam 9:9; I Crôn 9:29).  A palavra “vidente” vem de uma palavra que significa ver, perceber ou olhar.  Este nome indica que a obra principal dos profetas do Velho Testamento era de consultar ao SENHOR pelo povo e, como vimos, de assessorar os reis e líderes (II Reis 3:11).
Na era apostólica, a obra principal era de falar da Palavra de Deus e ensiná-la (Efés 4:11-16; I Cor 2:2-10).  Olhando os usos da palavra “profeta” no NT,  podemos observar que das 66 vezes que  essa palavra é usada no Novo Testamento, só 4 delas se referem aos profetas propriamente do Novo Testamento (Atos 13:6; 21:10; I Cor 14:37; Tito  1:12).  Da palavra no plural, “profetas”, no Novo Testamento, há 87 usos, mas só 11 referem se aos profetas da era do Novo Testamento (Atos 11:27; 13:1; 15:32; 12:28,29: I Cor 14:29,32; Efés 2:20; 3:5; 4:11; I João 4:1).  Os outros usos das palavras “profeta” e “profetas” no Novo Testamento referem se aos profetas do Velho Testamento ou ao Messias, Jesus Cristo.  Tudo isso mostra,  na era apostólica, o ofício de “profeta” não era igual ao o do Velho Testamento. 

OBS: Na Bíblia, a palavra “profeta” pode referir se a profeta um de Deus, a um falso, a um pagão, a um homem ou à uma mulher.  A palavra “profetisa” é usada 8 vezes (Míriam, Êx. 15:20; Débora, Juízes 4:4; Hulda, II Reis 22:14; a falsa profetisa Noadia, Neemias 6:14; a esposa de Isaías, Isaías 8:3; e a mulher que diz profetisa, Jezabel, Apoc 2:20; Ana, Lucas 2:36.  Também há o caso de quatro virgens, filhas de Filipe, o evangelista, profetizando em Atos 21:9; cf. Joel 2:28). 

No Novo Testamento, a palavra “profeta” pode  referir se também aos apóstolos ou doutores (Atos 13:1; 15:32).  Nota a proximidade das duas palavras, apóstolos e doutores, nestes versículos: Atos 13:1; I Cor 12:28,29; Efés 4:11; II Ped 2:1 pois parecem que as duas palavras referem se ao mesmo ofício.

3.      A atualidade da profecia e a profecia da atualidade

A profecia, como foi operada no Velho Testamento, continuou só até João (Lucas 16:16). A profecia, como foi ocasionada no Novo Testamento, sofre de incompletude e deve se submeter aos ministérios da Igreja (I Cor 13:8-13; 14; Apoc. 22:18,19).   A exortação e a edificação da Palavra de Deus como a profecia exortava e edificava, continua até hoje (I Cor 14:1-4; Efés 2:20; 4:11-16).
Hoje temos tanto o Espírito Santo quanto a Palavra de Deus escrita. Agora o Espírito Santo testifica de Cristo pelas Escrituras (João 5:39).  Hoje, sabemos pelas Escrituras tudo o que foi profetizado (Rom 1:2).   Portanto, o profeta hoje é um instrumento para mostrar a validade, a importância e a relevância da Palavra de Deus na vida da igreja e das pessoas.
Deus ainda fala ao Seu povo.  A revelação completa de Deus pela qual Deus fala ao Seu povo é a Bíblia.  Deus fala a nós, nestes últimos dias, pelo Filho (Heb 1:1); e é a Escritura que testifica de Cristo (João 5:39; 20:31).  O Espírito Santo é presente hoje no mundo, e especialmente no crente (I Cor 6:19; II Cor 6:16; Atos 8:16), e é Ele que testifica de Cristo ensinando o povo de Deus pela Bíblia (João 14:26; 15:26; 16:7-10; I Cor 2:12,13). 

4.      Advertência com as profecias hoje
  No AT, quem profetizava sem autoridade de Deus era um falso profeta e devia ser morto (Deut 18:20).  De outra maneira, devemos dar maior respeito para os de Deus (I Crôn. 16:22; Heb 13:7,17).  
  Deus pode provar o Seu povo em enviar profetas que mentem (Deut 13:1-3; I Reis 12:2,23).  
  Nem tudo que vem com sinais tem a aprovação de Deus: Saul, I Sam 28:115; religiosos, Mat. 7:22; Mat. 24:24; Balaão, II Ped 2:15; Judas 1:11 (Num 22; 31:16).  
  Jesus já nos avisou da presença dos falsos profetas (Mat. 7:15; 24:11).  Por não vir de Deus todos os espíritos, nós devemos prová-los para saber quais vem de dEle (I João 4:1-6).  O que pode ser dito do futuro que não concerne o reino de Deus ou a salvação não deve ser dado importância (Mat. 6:31-34).  

 Podemos perguntar quando escutamos uma profecia hoje: Isto tem concordância com a Escritura?  Isto me ajuda obedecer melhor a Palavra de Deus?   Se a resposta for negativa, não devemos dar nenhuma atenção a ela.

A pedra de toque a profecia hoje é a obra redentora de Jesus: toda profecia deve ser uma palavra de:

a)     Convencimento do Pecado,  da Justiça, e do Juízo para o descrente (Jo. 15:5...);
b)     Edificação, exortação e consolação para crente.
c)     Deve produzir arrependimento e transformação.