PROFETAS NA BÍBLIA
Pregação 2010. Estudo Dirigido 2011
Edson Dorneles de Andrade
I. TERMOS PRIMITIVOS PARA A PALAVRA “PROFETA”
a) A palavra grega PROPHETES, da que derivamos a palavra profeta, é um termo muito difuso, flexível.
· Phetes = denota a aspecto de falar;
· Pro = quer dizer falar, predizer ou somente proclamar algo
Um profeta pode ser alguém que prediz, proclama
b) Quando vemos o Antigo Testamento em hebraico, descobrimos que o termo profeta tem um sentido mais amplo:
· nabi — pessoa chamada por Deus
Assim, os profetas desempenharam funções especiais no reino físico de Deus no AT.
- ro´eh — vidente (II Samuel 24)
- hozeh — vidente ou observador
Os profetas são chamados videntes porque lhes foi dado o privilégio de ver os lugares celestiais.
- shomer — um “vigilante”, alguém que está de guarda;
Os profetas vigiavam os inimigos enquanto esperavam a aproximação e revelação de Deus, em bênçãos ou juízo.
- mal'ak — mensageiro
- ish-Elohim = homem de Deus
Os profetas recebiam mensagens de Deus e as comunicavam como urgentes da parte de Deus. Eles eram chamados de videntes antes da era dos reis de Israel.
II. 4 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO PROFÉTICO.
a. Pré-Monárquico
Havia poucos profetas durante este tempo. O termo navi se usava para designar uma variedade de pessoas fazendo muitas coisas.
B. Monárquico
Nunca houve profetas como nesta época da Bíblia! Deus deu profetas para focar o trabalho dos reis, a assegurarem que fossem obedientes a Deus e à lei. Deus também os enviou para testificar e punir contra a desobediência dos reis e dos líderes. Trabalho específico.
(Dan. 9:6)
C. Exílico
No ano 722 A.C., Samaria, capital do reino do norte de Israel caiu ante os Assírios. E no ano 586 A.C. Jerusalém caiu ante os Babilônios. Por causa disso, houve uma grande diminuição dos profetas. O trabalho voltou a ser diverso e raro.
D. Pós-Exílio
Não apareceram muitos profetas nesta época. Aqui voltaram a desempenhar, aos poucos, um papel mais formal no meio do povo. Iniciaram vigiando os líderes...
Esses desenvolvimentos nos indicam o contexto da principal preocupação da mensagem profética.
III. Expectativas a respeito do trabalho profético
a) Modelos Populares
Por toda a história a interpretação, tanto os judeus como os cristãos têm entendido o papel dos profetas de diferentes maneiras
§ Médiuns: Muitos estudiosos têm comparado os profetas do AT como os médiuns de outras culturas.
§ Adivinhos: outra ideia popular é que fazia dos profetas pessoas que prediziam ou eram adivinhos.
§ Modelo de Pacto: o modelo de pacto é o mais compreensível do AT.
Esses modelos funcionavam bem, mas estavam pouco comprometidos com o contexto histórico e teológico da função.
b) Entendimento Contemporâneo
§ O AT frequentemente descreve a relação de Deus com Deus de maneira bastante igual aos tratados pelos políticos do mundo antigo.
§ Os profetas serviram como emissários de Deus, ou fiscais do Seu pacto. Eles receberam suas mensagens desde o trono do Imperador Divino, e o Imperador divino fala com sua nação, seu povo na Terra.
CONCLUSÃO: Perguntas importantes:
1) Conhecer os termos originais nos ajudam a entender a função de um profeta?
2) Quais são as características do trabalho profético antes do período monárquico? E no período Monárquico?
3) Quais as diferenças da função profética antes, durante e depois do Exílio?
De que forma Isaías 6 ilustra o modelo do pacto de um profeta?
Lição 1 - O OFÍCIO DOS PROFETAS
Texto bíblico básico:
I. Introdução: Confusão e ignorância a respeito dos profetas.
A. Fontes da confusão:
1. Livros Proféticos
Os livros proféticos são a parte da Bíblia mais difícil de interpretar;
Os reis e oficiais, as guerras e a geografia em que ministraram são tão complexas que tornam um desafio manter o foco na interpretação.
2. A Igreja
As profecias do AT são as grandes fontes de confusão e desacordo (Ver por exemplo a questão das maldições);
B. Resultados de Confusão
1. Vitimização espiritual e eclesiástica
Devido a estas confusões surgem no meio da igreja especialistas em profecía e doutrinas espúreas, que as usam como forma de manipulação e desvio da fé cristã. Muitos entram em crise espiritual, baseando sua fé em bases enganosas.
2. Apatia como leitores e fiéis
Devido a essas dificuldades, o “analfabetismo” da igreja em relação aos profetas é uma das maiores causas de suas fraquezas espirituais e bíblicas – não se consegue defender a fé. Por isso, desistem de conhecer a Bíblia.
II. A Experiência de um Profeta
São três os mal-entendidos a respeito deste tópico.
A. Estado Mental: Os profetas estão fora de si? O Espírito de Deus toma posse deles e são tomados por um estado febril?
B. Inspiração
1. Inspiração Mecânica
Os profetas são meros instrumentos passivos da ação de Deus.
2. Inspiração Orgânica
Cremos que o Espírito Santo os inspirou de tal forma que jamais poderiam errar.
Deus usou suas personalidade, pensamentos e formas e refletir de cada autor humano.
C. Compreensão
Os profetas tinham um conhecimento parcial, limitado, mas entendiam muito do que diziam.
Algumas passagens em que é comum mal-entendidos.
· Daniel 12:8
· 1 Pedro 1:11
III. Mensagem Original
· Devemos submeter a nossa interpretação à autoridade do sentido original das passagens.
A. Exegese Popular
1. É comum os cristãos interpretarem o AT como uma coleção de predições vagamente conectadas. O contexto histórico deixa de ser considerado;
2. A-histórica
Leitura sem preocupação com o contexto histórico do escritor e da audiência;
B. Exegese Apropriada
· Devemos aplicar às profecias o mesmo princípio que usamos em outras partes da Bíblia
· O significado original de uma profecia é descoberto analisando o contexto histórico e literário
IV. As Perspectivas do NT
A. Autoridade
Jesus e os apóstolos mostraram que estavam convencidos da autoridade do AT. Mas não interprtaram do jeito que bem entendiam:
· Atos 2:29-31 – Salmo 16
· João 12:39-40
B. Aplicação
Cristo e os apóstolos estavam comprometidos em ver a profecia como uma ação de Deus no tempo e na história:
1. Expectativas Proféticas
Os profetas esperavam um tempo em que Deus consertaria todas as coisas.
Deus interviria no mundo e faria com que todas as coisas atingissem seu propósito final.
2. Cumprimentos Proféticos
O NT interpretava o AT vendo o cumprimento de tudo em Cristo. Interpretação cristocêntrica.
Os profetas fixaram que a trajetória da profecia seria expectação, tempo de grande juízo e benção futura.
· Expectação: o reino de Cristo hoje;
· Julgamento: o arrebatamento da igreja;
· Benção: após o juízo final;
V. Aplicações
1. Quando se trata dos profetas: Quais as razões de nossa confusão?
2. Quais os resultados da confusão e como devemos respondê-la?
3. Qual é o verdadeiro estado mental dos profetas?
4. O que é uma interpretação errada e como é a correta?
5. Como Jesus e os apóstolos interpretaram as profecias do AT?
6. Usando a importância do sentido original, como devemos agir para aplicar as profecias do AT aos eventos de hoje?
7. Qual é o ensinamento mais importante que podemos aprender com este assunto?
8. Exercício: Como você interpreta este texto:
PARTE II ARTE II
PROFETAS BÍBLICOS
1. Qualificações do profeta
Para alguém ser profeta de Deus, Deus tem que o ordenar e o ungir como profeta (Deut. 18:15). Isaías foi assim chamado e consagrado (Isaías 6), Jeremias foi assim ungido (Jer 1:5) e é assim que os do Novo Testamento que tinham esse nome foram chamados (Atos 13:1-5; Ef. 4:11). É como o sacerdócio antigo, “ninguém toma para si esta honra” (Heb 5:4).
Os que são de Deus, fala o que Deus ordena, e só isso (Deut 18:18-22; I Cor 2:2; II Tim 4:2). A prova que os profetas são verdadeiramente de Deus é pelo cumprimento de todas (100%) das suas profecias (Jer 28:9).
2. Diferença dos profetas do Velho Testamento e do Novo Testamento
Os profetas do Velho Testamento eram em geral conhecidos pelo nome de vidente (I Sam 9:9; I Crôn 9:29). A palavra “vidente” vem de uma palavra que significa ver, perceber ou olhar. Este nome indica que a obra principal dos profetas do Velho Testamento era de consultar ao SENHOR pelo povo e, como vimos, de assessorar os reis e líderes (II Reis 3:11).
Na era apostólica, a obra principal era de falar da Palavra de Deus e ensiná-la (Efés 4:11-16; I Cor 2:2-10). Olhando os usos da palavra “profeta” no NT, podemos observar que das 66 vezes que essa palavra é usada no Novo Testamento, só 4 delas se referem aos profetas propriamente do Novo Testamento (Atos 13:6; 21:10; I Cor 14:37; Tito 1:12). Da palavra no plural, “profetas”, no Novo Testamento, há 87 usos, mas só 11 referem se aos profetas da era do Novo Testamento (Atos 11:27; 13:1; 15:32; 12:28,29: I Cor 14:29,32; Efés 2:20; 3:5; 4:11; I João 4:1). Os outros usos das palavras “profeta” e “profetas” no Novo Testamento referem se aos profetas do Velho Testamento ou ao Messias, Jesus Cristo. Tudo isso mostra, na era apostólica, o ofício de “profeta” não era igual ao o do Velho Testamento.
OBS: Na Bíblia, a palavra “profeta” pode referir se a profeta um de Deus, a um falso, a um pagão, a um homem ou à uma mulher. A palavra “profetisa” é usada 8 vezes (Míriam, Êx. 15:20; Débora, Juízes 4:4; Hulda, II Reis 22:14; a falsa profetisa Noadia, Neemias 6:14; a esposa de Isaías, Isaías 8:3; e a mulher que diz profetisa, Jezabel, Apoc 2:20; Ana, Lucas 2:36. Também há o caso de quatro virgens, filhas de Filipe, o evangelista, profetizando em Atos 21:9; cf. Joel 2:28).
No Novo Testamento, a palavra “profeta” pode referir se também aos apóstolos ou doutores (Atos 13:1; 15:32). Nota a proximidade das duas palavras, apóstolos e doutores, nestes versículos: Atos 13:1; I Cor 12:28,29; Efés 4:11; II Ped 2:1 pois parecem que as duas palavras referem se ao mesmo ofício.
3. A atualidade da profecia e a profecia da atualidade
A profecia, como foi operada no Velho Testamento, continuou só até João (Lucas 16:16). A profecia, como foi ocasionada no Novo Testamento, sofre de incompletude e deve se submeter aos ministérios da Igreja (I Cor 13:8-13; 14; Apoc. 22:18,19). A exortação e a edificação da Palavra de Deus como a profecia exortava e edificava, continua até hoje (I Cor 14:1-4; Efés 2:20; 4:11-16).
Hoje temos tanto o Espírito Santo quanto a Palavra de Deus escrita. Agora o Espírito Santo testifica de Cristo pelas Escrituras (João 5:39). Hoje, sabemos pelas Escrituras tudo o que foi profetizado (Rom 1:2). Portanto, o profeta hoje é um instrumento para mostrar a validade, a importância e a relevância da Palavra de Deus na vida da igreja e das pessoas.
Deus ainda fala ao Seu povo. A revelação completa de Deus pela qual Deus fala ao Seu povo é a Bíblia. Deus fala a nós, nestes últimos dias, pelo Filho (Heb 1:1); e é a Escritura que testifica de Cristo (João 5:39; 20:31). O Espírito Santo é presente hoje no mundo, e especialmente no crente (I Cor 6:19; II Cor 6:16; Atos 8:16), e é Ele que testifica de Cristo ensinando o povo de Deus pela Bíblia (João 14:26; 15:26; 16:7-10; I Cor 2:12,13).
4. Advertência com as profecias hoje
• No AT, quem profetizava sem autoridade de Deus era um falso profeta e devia ser morto (Deut 18:20). De outra maneira, devemos dar maior respeito para os de Deus (I Crôn. 16:22; Heb 13:7,17).
• Deus pode provar o Seu povo em enviar profetas que mentem (Deut 13:1-3; I Reis 12:2,23).
• Nem tudo que vem com sinais tem a aprovação de Deus: Saul, I Sam 28:115; religiosos, Mat. 7:22; Mat. 24:24; Balaão, II Ped 2:15; Judas 1:11 (Num 22; 31:16).
• Jesus já nos avisou da presença dos falsos profetas (Mat. 7:15; 24:11). Por não vir de Deus todos os espíritos, nós devemos prová-los para saber quais vem de dEle (I João 4:1-6). O que pode ser dito do futuro que não concerne o reino de Deus ou a salvação não deve ser dado importância (Mat. 6:31-34).
Podemos perguntar quando escutamos uma profecia hoje: Isto tem concordância com a Escritura? Isto me ajuda obedecer melhor a Palavra de Deus? Se a resposta for negativa, não devemos dar nenhuma atenção a ela.
A pedra de toque a profecia hoje é a obra redentora de Jesus: toda profecia deve ser uma palavra de:
a) Convencimento do Pecado, da Justiça, e do Juízo para o descrente (Jo. 15:5...);
b) Edificação, exortação e consolação para crente.
c) Deve produzir arrependimento e transformação.